Robson Vieira Rodrigues perdeu o emprego em 2019 e não conseguiu se recolocar no mercado. Comprou uma franquia da Ótica Kohls que começou a operar em plena pandemia e já está indo para a terceira
Matéria sobre a Óticas Kohls publicada originalmente na Pequenas Empresas & Grandes Negócios, por Paulo Gratão.
O empreendedor Robson Vieira Rodrigues, 51, começou a entrevista já se desculpando por não ter conseguido atender a reportagem no primeiro horário marcado para a entrevista. No momento, a loja estava com movimento acima da média e ele precisou ir para o balcão ajudar a equipe a dar conta da demanda. Foi por um bom motivo, principalmente nos tempos atuais. Há quase um ano, essa tem sido a rotina do ex-bancário, que foi lançado ao empreendedorismo pelo desempregoe hoje é dono de duas franquias da rede Óticas Kohls em Pernambuco.
Rodrigues tinha quase 50 anos quando perdeu o emprego em uma grande empresa de insumos para o setor de saúde e varejo. Antes disso, tinha feito carreira em um grande banco por 18 anos. Um novo emprego parecia um horizonte cada vez mais distante. Em conversas com seus ex-colegas bancários, que também passavam pela mesma situação, eles chegaram à conclusão: “Quem sai de banco na nossa idade, só consegue arrumar trabalho se abrir o próprio banco.”
Ele passou a olhar oportunidades de franquias para empreender. A ideia de abrir uma ótica, no entanto, surgiu quando ele precisou trocar os próprios óculos, em meados de 2019. “Comecei a fazer um monte de perguntas para o dono da ótica sobre como era o negócio, e gostei.”
Rodrigues passou a conversar com algumas marcas do nicho, inclusive a Óticas Kohls, que estava se lançando no sistema de franquias no período. Ele conta que gostou da proposta da marca, mas não deixou de ter um pé atrás. “Eles estavam começando com a franquia, fui o primeiro franqueado. Fiquei temerário por isso. Mas depois fiquei sabendo que o Allan (Comploier, fundador da marca) já tem experiência com outra franquia. Eu vi que não estava entrando em um negócio em que o cara estava se aventurando.” Além da Óticas Kohls, Comploier fundou a rede Master House Manutenção e Reformas em 2012.
Contrato assinado, loja montada, treinamento aplicado e equipe contratada: tudo pronto para inaugurar a franquia em março, no Recife. Só que não. Com o início da pandemia, a abertura precisou ser postergada para julho, quatro meses depois. Rodrigues não esconde que a felicidade de ter o próprio negócio começou a sofrer alguns abalos com a situação.
“Eu torci para dar certo, que a doença realmente não fosse tão grave assim e que tudo voltasse ao normal logo. O que eu ia fazer? Cheio dos boletos para pagar! Fomos nos adaptando, o shopping deu uma ajuda, conseguimos manter as expectativas, e principalmente, a confiança para poder não me deixar abater. Se eu me deixasse abater naquele momento, não tinha chegado aonde cheguei.”
A loja de Rodrigues foi aberta ainda com restrições. Com a ajuda da franqueadora, ele apostou em marketing digital para ajudar a divulgar o negócio na região. Nos primeiros seis meses, ele conta que trabalhava até 16 horas por dia para conseguir fazer o negócio dar certo.
Com o passar dos meses, percebeu que os clientes dariam mais credibilidade à marca paulista de nome alemão se vissem outras unidades na região. “O cliente quer ter a visão de que o negócio é sério. Ele gosta quando reconhece a marca, entra na loja e vê o mesmo padrão.” Assim, negociou com a franqueadora para abrir a segunda operação em Olinda, em janeiro de 2021.
De acordo com ele, a nova inauguração levou menos tempo do que a primeira, pois ele já tinha pegado todos os macetes do início do negócio. Agora, era só replicar o que deu certo da primeira vez. Hoje, juntando as duas lojas, ele acumula um faturamento total de R$ 900 mil. Com o resultado, o empreendedor resolveu que iria mais longe e abriria uma terceira unidade, agora em Jaboatão dos Guararapes. A inauguração está marcada para o próximo mês de agosto.
Rodrigues diz que a transição de funcionário para dono de negócio foi menos difícil do que imaginava, pois conseguiu contar com o apoio da franqueadora nos aspectos administrativos, e também por já ter experiência com gestão de pessoas. “Eu lidava com o varejo, com público, entrava em supermercado par conferir abastecimento. Era chão de loja. Se não gostar de pessoas, pode cair fora que não passa três meses nesse mundo.”
A Óticas Kohls foi fundada em 2019 em São Paulo, e passou a vender franquias um ano depois. Além do nome, que segundo o fundador Allan Comploier é alusão a uma mesma empresa encerrada na Alemanha há cerca de cem anos, criada pelo trisavô do franqueador, a marca trabalha com tecnologia alemã na fabricação própria dos óculos de grau e de sol. Hoje, a rede tem três unidades e espera chegar a nove ainda em 2021.
O investimento inicial total para ter uma unidade é entre R$ 100 mil e R$ 280 mil, o que inclui taxa de franquia (R$ 50 mil), capital de giro, marketing e instalação. Uma das estratégias mais agressivas da rede para crescer nesse período é a conversão de óticas independentes em franquias. Para esses casos, há isenção da taxa de franquia.